sexta-feira, 25 de setembro de 2015

OS REBOOTS DA DC COMICS - Parte 1

ou

OS NOVOS 52 ACABARAM E EU NEM SABIA QUE HAVIA OS ANTIGOS

              Com o surgimento dos filmes de heróis como uma espécie de subgênero cinematográfico, também começaram a surgir dúvidas elementares como:

- Por que o Super-Homem não está usando a cueca vermelha por cima da calça?

E um dos seus amigos responde:

- É que estão usando o uniforme da versão dos Novos 52.

Imediatamente seu cérebro manda uma mensagem para o seu corpo, demonstre saber do que ele está falando para não ficar com cara de idiota.

Na realidade essa sua dúvida é totalmente justa. Pois após um reboot geral todos ficamos meio perdidos, alguns até revoltados, com as mudanças.

Sabe o pior?

Este é o 4º grande reboot da DC. E isso porque estamos falando daqueles que mudam todo o Universo.

Porque essa cara?

Ah, você não sabe o que é Reboot?

Ok. Relaxa. Vamos a uma pequena aula.

Reboot é um recurso muito utilizado nos quadrinhos estadunidenses e em cines séries. Nos quadrinhos é mais usado quando os editores consideram que o histórico dos personagens está longo ou confuso demais para atrair novos leitores, nesse momento fazem uma história unindo todo mundo e no final apagam todo o passado dos personagens e começa tudo do zero. No cinema, você já está acostumado, temos um bom exemplo recente, o Homem-Aranha, o herói vivido por Andrew Garfield é um reboot da versão do Tobey Maguire, bem como o novo parte dos Vingadores também será um reboot. Na prática para o novo Aranha os filmes anteriores nunca existiram (fácil de entender no caso do Espetacular Homem-Aranha 2).


Porque a DC faz tanto reboot?
Responder isso é difícil. Alguns escritores reclamam que a bagagem histórica dos personagens atrapalha para escrever, pois teriam sempre que usar referencias antigas. Desculpa de caneta fraca. Os melhores escrevem clássicos modernos, sem desconsiderar o passado, mas sem se ligar a ele como uma ancora.

Então, quando isso começa?
A DC é a segunda maior editora de quadrinhos dos EUA, e entre meados da década de 1970 e a década de 1990 comprou diversas editoras menores e com elas os heróis publicados, mas com temáticas diferentes não foram introduzidos diretamente ao seu universo padrão de heróis.
Sociedade da Justiça da América - primeira equipe de heróis da história e da DC

O que fazer?

O Flash deu a solução para o problema.

Na década de 1960, a DC (ainda chamada National Periodical) recriou alguns de seus heróis da chamada Era de Ouro, mantendo apenas o mesmo nome e mudando origens, uniformes e nomes. Isso ocorreu com Flash, Lanterna Verde, Gavião Negro entre outros.
Liga da Justiça da América - o reboot dos heróis da Era de Ouro dos quadrinhos

Tudo começa quando Gardner Fox, escritor/criador da editora, que trabalhava no título do Flash, sentia vontade de trabalhar novamente com o Flash original, Jay Garrick (aquele do chapéu de asinha surgindo no fim da primeira temporada da série Flash).

Para realizar seu sonho Fox escreveu a história Flash de dois mundos, onde Barry Allen ao acelerar e vibrar suas moléculas cruzaria as barreiras que separariam os universos paralelos e vai parar na terra de Jay, e dos herois da Era de Ouro (entre as décadas de 1930 e 1950). Estranhamente, Barry batizou a terra de Jay, Terra 2, apesar deles terem vindo antes.

Surgia nesse momento a noção de Multiverso. Terras paralelas idênticas ou com alguma diferença entre si.
O Multiverso DC

Os heróis da Terra 1, representados pela Liga da Justiça da América, se encontravam as vezes com os heróis da Terra 2, representados pela primeira equipe de heróis dos quadrinhos, a Sociedade da Justiça da América.


E daí exploraram outras terras, como a Terra 3, onde todos os heróis são vilões e os vilões são heróis, e o mundo é controlado pelo Sindicato do Crime da América, confrontado pelo maior herói do mundo Alexander Luthor.
Sindicato do Crime da América da Terra 3 - onde existe uma versão da Liga que são criminosos

Assim todos os heróis vindos de outras editoras passaram a ganhar uma terra no multiverso. Por exemplo, a Família Marvel, na Terra S, e os personagens da Chalton, na Terra 5.
A Família Marvel - os heróis da Terra S


O problema é a confusão nas histórias. Quando um escritor escrevia algo que ninguém gostava diziam que não era o herói normal, mas de uma terra, vez por outra partes inteiras do passado eram descontinuadas. As pessoas passaram a não saber o que valia ou não valia.

Como parte da sugestão de um leitor a DC começou a trabalhar uma solução. Uma minissérie em 12 partes reunindo heróis e vilões de todas as terras conhecidas ou não contra um vilão invencível, chegava a Crise nas Infinitas Terras.

  
O primeiro reboot: CRISE NAS INFINITAS TERRAS

Na estrutura do Multiverso apenas um não tem copia, Qward, o universo de anti-matéria, onde nasceu uma criatura chamada Anti-monitor. Ele sabia que seus poderes vinham do próprio universo, e quando um universo positivo morreu, seus poderes se ampliaram bem como o território de seu universo.

Assim, o vilão partiu para destruir todo o Multiverso e se tornou o governante de tudo.

Universos após universos vão sendo destruídos, consumidos pelo Anti-monitor.

Sua contraparte do universo da Terra 1, chamado Monitor, inicia uma campanha para salvar tudo o que existe, mas a cada universo positivo morto ele ficava mais fraco.

Entre os grandes impactos da série que levou anos para serem sarados, estão a morte de Barry Allen, o Flash. Capturado no futuro onde vivia com sua esposa Iris, foi mantido prisioneiro por ser capaz de atravessar o Multiverso por conta própria. Mas quando o Anti-monitor tentou destruir a Terra 1, seu lar, com um canhão de antimatéria, Allen conseguiu se soltar e acelerou mais rápido que a luz, salvando a todos e se sacrificando, sem ninguém saber por algum tempo.


A segunda morte marcante ocorreu durante a tentativa dos herois de levarem a batalha ao vilão. Porém, caíram em uma armadilha, o Super-Homem da Terra 1 (o nosso da época) saiu na mão com o vilão, e apanhou feio, seus gritos de dor, chamaram a atenção de sua prima Super Moça, Kara Jor-el, que mergulhou contra o Anti-Monitor sem se conter, sangue voando, ossos quebrando, mas ao perder a concentração por um segundo é atingida mortalmente. Já imaginou o Super-Homem jurando de morte alguém?


Apenas cinco terras sobram do universo infinito. O Anti-monitor retornou ao momento do big bang para controlá-lo, herois e vilões viajam no tempo para detê-lo, e na hora h, recebem a ajuda do Espectro, a espada da justiça de Deus na terra.

Tudo foi destruído. E o Multiverso acabou renascido em uma única terra com histórias de todos os outros acrescidos a sua continuidade.
A ideia era zerar todos os históricos e começar tudo novo após a Crise, e foi feito. O Super-Homem foi recriado por John Byrne, a Mulher-Maravilha por George Perez e assim por diante.

O grande problema é que nem tudo foi reiniciado do zero.

A Liga da Justiça ganharia uma nova formação, mas a anterior existia. Entretanto, Batman, Super-Homem e Mulher-Maravilha nunca fizeram parte antes, os dois primeiros apenas ajudaram. A amazona nem havia deixado a ilha Paraíso ainda.

Outros problemas surgiram em história do Super. Clark decide tentar chegar ao que restou de Krypton e pede ajuda ao Gavião Negro e a Mulher-Gavião, para levá-lo em sua nave.

Qual o problema nisso? O Katar e Shayera não estavam na terra ainda, eles ainda eram policiais em seu planeta. Então quem levou o Super?

A Legião dos Super-Heróis do século XXXI foi fundada seguindo como padrão o Superboy, que com viagem no tempo foi membro da equipe no futuro.

O problema? Clark Kent nunca foi Superboy (Byrne, deu uma entrevista dizendo que se soubesse que não poderia trabalhar com um jovem Super por muito tempo não teria apagado o Superboy), mas se ele nunca foi...quem era aquele moleque com a cueca vermelha por cima das calças.
O Superboy de uma anomalia criada pelo Senhor do Tempo versus o Super-Homem de John Byrne, que nunca foi Superboy após a Crise.

Esses furos cronológicos foram se acumulando e a DC resolver fazer outra saga capaz de zerar tudo e recomeçar...vem aí ZERO HORA.
Eu sei, Doutor. Eu sei!!!


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