quarta-feira, 11 de maio de 2016

Filme que indico:

A TRILOGIA DO CORNETTO
Ou
TRILOGIA DO SANGUE E SORVETE (como é chamada no Brasil)



Sim é isso mesmo que você leu.

O filme que indico hoje não é um, mas sim uma trilogia inteira.

O que nunca ouviu falar na Trilogia do Cornetto ou Trilogia do Sangue e Sorvete?

Talvez não, mas com certeza você já viu um ou todos os filmes dessa trilogia.

Primeiramente essa trilogia composta pelos filmes: Todo mundo quase morte (2004), Chumbo Grosso (2007) e Heróis da Ressaca (2013), é uma parceria entre Egdar Wright (responsável pelo roteiro original do filme do Homem-Formiga, e melhor criador de situações de grupos em filmes), Simon Pegg (o nosso alivio cômico em Missão Impossível: Protocolo Fantasma, e nos dois últimos Star Trek) e Nick Frost (um dos melhores na TV inglesa).

O mais curioso é essa trilogia ser composta por filmes que não são sequenciais.


Sua única conexão é justamente o sorvete que dá nome a trilogia. Por aparecer em todos os filmes, em sabores e cores. Em Todo mundo quase morto aparece o sorvete rosa, indicando a violência e o sangue dos zumbis; em Chumbo Grosso, o sorvete azul, indicando a policia; e em Heróis da Ressaca, o sorvete de chocolate e menta, de cor verde indicando os extraterrestres. O lance do sorvete era uma piada interna que ganhou vida própria nos primeiros filmes.
O que esses filmes possuem de tão bom. Primeiro o humor inglês, aquele que brinca com as ironias, sarcasmos e sutilezas, sem apelações ou puxar para piadas de tons sexuais sem sentido como ocorrem em comedias estadunidenses. Falando nisso os filmes também satirizam e prestam homenagens a vários momentos do cinema hollywoodiano.

Sobre os filmes:

Todo mundo quase morto

Nossos heróis, ou algo parecido com isso.

Narra a história de Shaun (Simon Pegg), um vendedor, e seu amigo vagabundo Ed (Nick Frost), que frequentam sempre o mesmo pub, com nome bem sugestivo, o Winchester. O filme começa após Shaun acordar de um porre tomado com o termino de seu namoro com Liz (Kate Ashfield), e descobrir que o mundo foi tomado pelos zumbis.

É nesse momento que temos o “brilhante” plano de nossos heróis para sobreviver ao apocalipse zumbi, fazendo referencias as Madrugadas dos Mortos e diversos clássicos de nosso lendário George Romero.
Prepare-se para rir com as situações que se seguem, principalmente porque se parar e pensar, a maioria poderia acontecer com você se tivesse que fugir dos zumbis com seus amigos.



Chumbo Grosso

Essa é a história de Nicholas Angel (Simon Pegg), o melhor policial de Londres, e de tão bom é tão invejado que é transferido para uma cidade do interior por seus superiores e assim abafa-lo.
Para que donut's quando se tem sorvete?

Chegando a cidade de Sandford, a de menor criminalidade da Inglaterra, torna-se parceiro de Danny Butterman (Nick Frost), um policial local viciado em filmes de ação. Juntos os dois começam a investigar acidentes estranhos na cidade.

Esse é o filme com um pouco menos de comédia e mais ação, mas nem por isso você irá rir menos.




Os Heróis da Ressaca

Esse é o meu preferido. Um símbolo e um ideal a ser seguido, pois é quase uma competição olímpica.
Atletas para uma maratona importante.

Aqui Gary King (Simon Pegg) é um cara frustrado e parado no tempo por não ter conseguido chegar ao fim de uma maratona de beber em todos os pubs da cidade em apenas uma noite (nós sentimos sua dor, amigo).

Vinte anos após a competição, adultos, velhos, com vidas construídas e/ou destruídas, o grupo é reunido por Gary para tentar novamente realizar seu sonho adolescente.

Quando finalmente consegue convencer a todos, e o grupo começa a maratona com tudo que podem, descobrem que sua antiga cidade é o foco de uma invasão alienígena que pode atrapalhar seu objetivo.




O legal é ver que a comédia inglesa mescla os dramas e traumas pessoais do grupo a uma invasão alienígena satirizada daqueles filmes de certo país que não vou citar o nome, mas que sempre um homem estadunidense sozinho salva a Terra, a Galáxia, o Universo...



Infelizmente, apenas o Chumbo Grosso está disponível na Netflix, mas é possível achá-los completos no youtube, ou reprisando nos canais HBO.


segunda-feira, 9 de maio de 2016

A RELIGIÃO E OS HERÓIS DAS HQs

A religião é para algumas pessoas um tabu ao qual não deve ser discutido.

É fácil entender a razão em um mundo onde os radicalismos se tornaram o Norte, fazer qualquer tipo de critica ou debater pontos de vistas pode gerar brigas e fim de amizades.

É difícil aceitarmos criticas sobre coisas que gostamos (os fãs do Batman do Nolan que o diga), mas sem essa mente aberta para o bom debate não evoluímos como pessoa.

Importante ressaltar que não concordar com uma religião não significa desrespeitá-la, bem como ao seu praticante.

E nas HQs?

Poucos foram os escritores que tiveram coragem de “expor” a religião de seu personagem e utilizá-la como parte do enredo na hora de contar uma boa história.


Vamos começar com uma das mais polemicas sequencias de histórias, mas que foi um debate incrível sobre limites e responsabilidade.


THOR, SENHOR DE ASGARD

Em uma sequencia de histórias escritas por Dan Jurgens (escritor responsável pelo arco A Morte do Super-Homem) e desenhada pelo brasileiro Joe Bennett, acompanhamos as consequências da morte de Odin, e Thor tendo que assumir a responsabilidade de ser tornar o deus supremo de Asgard.


Porém, dividido entre o reino dourado e a Terra, o deus do trovão se aconselha com Zeus.  Após uma longa conversa decide trazer toda a Asgard para a Terra, deixando-a flutuando sobre Nova York.

A partir desse ponto vemos os problemas políticos entre Asgard e os EUA. 
 

Thor julgado pelos Pais Celestiais.
A coisa piora quando Thor começa a receber as orações de pessoas em países controlados por ditadores e decide intervir, causando um incidente internacional, que o leva a um debate acalorado na ONU.

Além da exploração das consequências políticas internacionais, começamos a ver os problemas religiosos.

Grupos de pessoas cada vez maiores começam a rezar para Thor, e igrejas Católicas e Protestantes de diversas denominações são tomadas por fieis e transformadas nas Igrejas de Thor, onde a cruz é substituída por um martelo estilizado.
Adoradores de Thor?
Conflitos em praça pública entre religiosos passam a ocorrer e em um conflito no Maine, um criança é morta. Thor aparece e encerra o tumulto, mas a mãe da criança com a mesma no colo pede que ressuscite sua filha.

Apesar de seu conselheiro alertá-lo para não fazê-lo, pois até seu pai evitava tal feito, Thor decide fazer. A criança volta a vida, mas sem alma.

Publicado em Os Poderosos Vingadores nº 15, abril de 2005, Panini.

As religiões do mundo se unem em um congresso para decidir como proceder ao problema causado pelos asgardianos. Um padre se torna o interlocutor entre o deus do trovão e as religiões.

A situação chega ao nível tão grande, que uma das medidas extremas tomadas, é o padre explodir uma bomba nuclear escondida abaixo de seus pés para tentar eliminar Thor de vez.
Publicado em Os Poderosos Vingadores nº 15, abril de 2005, Panini.
Com os resultados negativos dessa tentativa o Senhor de Asgard toma de vez a Terra e então...vai ler o que acontece e descubra.


VINGADOR FANTASMA

Na DC reformular origem de personagem é comum. Por isso, temos que especificar bem de quem e quando estamos falando.

Esse enigmático personagem era o soldado romano responsável por transpassar a lança no peito de Jesus durante a crucificação.

Agora na cronologia dos Novos 52 a mudança ocorrida é que o Vingador anteriormente foi a figura que traiu o Cordeiro de Deus por trinta moedas de prata. E seu colar é composto pelas moedas e a cada ato de doação uma das moedas cai, e o herói está mais próximo da redenção.

O personagem é sentenciado por Deus a vagar pela eternidade auxiliando pessoas com a vida em risco por alguma força maligna.

O grande foco em suas histórias era o questionamento se a sentença foi uma punição ou uma benção do Criado.

Por parte de sua nova vida o Vingador acreditava ser um castigo, mas aos pouco vai mudando de ideia.


ESPECTRO

Novamente DC, então já sabe, dependendo do momento a história foi alterada.

Basicamente, pouca coisa mudou.

O Espectro é a espada da justiça divina no plano terreno, ou o Espírito da Vingança. Teria sido o responsável por liberar a praga dos primogênitos no Egito antigo.

Apesar de extremamente poderoso só funciona corretamente quando conectado a uma alma humana.


Por anos, esteve conectado a alma do policial Jim Corrigan, quando foi membro da SJA (Sociedade da Justiça da América, os heróis dos anos 40, no universo pré-Novos 52).

Quando Corrigan cumpriu seu ultimo dever e ganhou o paraíso. Espectro foi então fundido a alma de Hal Jordan (ex-Lanterna Verde, na época um vilão que sacrificou a vida para salva a Terra), este buscando redenção por seus atos criou conflitos entre suas ações. Espectro resistia a deixar de ser um espírito de Vingança para se tornar um espírito de Redenção.

Espectro é considerado um dos seres mais poderosos do universo, sendo capaz de viajar no tempo, no espaço, crescer ou encolher, super forte etc.




DEMOLIDOR, O HOMEM SEM MEDO.

Matt Murdock é católico e sua religião é um personagem ativo em algumas de suas melhores histórias.

Sempre se questionando quanto as suas escolhas, Matt busca respostas rezando na Igreja central da Cozinha do Inferno, ou com um franca conversa com o Padre, onde passagens bíblicas são citadas como forma de orientação.

Durante a saga A Queda de Murdock de Frank Miller (saga onde o Rei do Crime descobre a identidade secreta do Demolidor e destrói sua vida civil antes de atacar o herói), descobrimos que a mãe do herói não só está viva como é uma freira.



OS 99

Gosto muito dessa equipe, criada pelo psicólogo Dr. Naif Al-Mutawa, com a ideia de desenvolver personagens que representassem outras culturas além da ocidental.

Os 99 são heróis que religião muçulmana, de diversos países e culturas, no qual seus poderes são baseados nas 99 virtudes de Allah, ou Deus.

O sucesso foi grande é os heróis já possuem até um parque temático.
Sua entrada no ocidente já foi em grande estilo em um crossover com a Liga da Justiça nos quadrinhos.


Curioso notar que as HQs tentam quebrar o estereótipos de todo muçulmano ser igual, dependendo do país vemos roupas e formas de falar diferentes entre os heróis.





MISS MARVEL, KAMALA KHAN

A hiperdemais (sim sou fã dessa menina) Kamala, é uma adolescente muçulmana vivendo em Nova York, e convivendo com a cultura ocidental. Descobre ter poderes inumanos após a explosão da bomba de terrigenos (os problemas causados pela Marvel não poder usar os X-men no cinema e decidir explorar os Inumanos).

Viver os dilemas de conflitos entre duas culturas, de descobrir seus poderes e estar em meio aos heróis que tanto admirava e ainda assumir o codinome da heroína que era fã.

Ela te cativa, e tudo isso graças a escritora G. Willow Wilson, também muçulmana, que soube dosar os elementos necessários para o equilíbrio de uma ótima obra sem puxar sardinha para nenhum lado.




NOTURNO

Kurt Wagner, o mutante de pele azul e aparência demoníaca, é um dos X-man mais queridos dos fãs, e já passou por inúmeras fases nas HQs.

Já foi um pensador no inicio, um mulherengo, pirata e padre (!)

É sério. Noturno foi ordenado padre, mas em uma das histórias posteriores decidiram inventar uma sequencia de eventos ridículos para desconsiderar esse momento.
Kurt atacou até a Ororo.
Em um momento é dito até que a ideia seria evitar o caos de um possível papa com aparência de demônio um dia.


Outras menções honrosas estão os personagens judeus como o Coisa do extinto Quarteto Fantástico, (atualmente membro dos Guardiões da Galáxia) e da Lince Negra, Kitty Pryder, ex-X-man (atualmente líder dos Guardiões da Galáxia, chamada de Senhora das Estrelas e namorada de Peter Quill), que nunca esconderam sua religião, apesar de pouco exploradas nas HQs.



A ideia geral dos escritores que exploram essas vertentes em suas HQs não é apenas defender sua religião, mas propagar a ideia de respeito. Não é por ser diferente que devemos odiar ou atacar, devemos sim respeitar, pois no final somos todos iguais independente das roupas, altura, peso, religião e do filme do Batman que gostamos.

terça-feira, 3 de maio de 2016

MARVEL'S AGENT CARTER



As séries estão inundando nossas vidas, e olha que não é por falta de fiscalização em represas nas cidades de Minas Gerais (!)

Entre ótimas, boas e péssimas séries. Uma conquistou meu coração pelos detalhes e o capricho em roteiro e ambientação.

A série da Agente Carter, o interesse amoroso do Capitão América – O Primeiro Vingador, que tem vida própria e não é a mocinha a ser salva.

Em sua própria série que continua a história do filme, e interliga o universo televisivo com a série Marvel’s Agents of SHIELD, Carter (Harley Atwell) continua dona de si, inteligente, perceptível, em um mundo ainda machista, onde os homens claramente são menos preparados e se negam a reconhecer suas capacidades e experiência, pondo-a apenas como secretária e responsável pelo cafezinho.

Porém, ao ser contatada por Howard Stark (Dominic Cooper), retornando e mostrando que ser um homem rico, mulherengo e inventor é genético, para resolver um caso de roubo de suas piores invenções, o equivalente da época as armas de destruição em massa, por uma nova ameaça, o LEVIATÃ, a Shield da URSS.

Como apoio a aventura temos o personagem que os fãs de Vingadores sentiram falta desde o lançamento do universo cinematográfico, o mordomo Jarvis (James D’Arcy). Em minha opinião, nos quadrinhos o maior de todos os Vingadores, mesmo não sendo um dos heróis, sempre foi o apoio emocional para os que não possuíam família ou outro lar que a Mansão dos Vingadores (outro personagem nostálgico fora dos cinemas, mas trazido na série de forma sutil).
Dupla perfeita.
Um Jarvis incrível, o nosso alivio cômico, mas dinâmico e participativo, dando o contraponto perfeito a seriedade de Carter, que muitas vezes não se permite sorrir ou divertir de verdade.

É importa ressaltar que a série não tem as piadas comumente esperadas para quem assiste ao Universo Marvel cinematográfico. São piadas mais refinadas, muitas a base de boas ironias e sacarmos, e a seriedade de Atwell, nessas situações mais engraçadas traz sempre a lembrança de Leslie Nilsen nos filmes de Corra que a policia vem ai.
Saudoso Tenente Frank Drebin

Além disso, temos a volta do Comando Selvagem, Dum Dum Dungan e seus homens, que em breve serão a base da SHIELD. Perfeito.

A ameaça de Leviatã e os agentes enviados, realmente trazem um clima de espionagem crível para a realidade do universo Marvel.

Ainda não temos a formação da SHIELD, mas vemos as dicas sutis no ambiente, bem como elementos importantes no universo Marvel dos quadrinhos, como a menção as industrias Roxxon.

A investigação e a tensão da ameaça vão crescendo ao longo da série, bem como as descobertas de como a mente brilhante de um Stark, mesmo sem querer poderia trazer uma grande ameaça ao mundo.

Agentes treinados pelo Leviatã desde crianças, lembram o treinamento da Viúva Negra das HQs. Seria algo a ser explorado no futuro?

Não se pode contar muito sem estragar as boas surpresas a serem apresentadas.

Para alguns críticos. A série não é uma série feminista.

Mas apresenta as visões machistas pesada da época. Será mesmo? Muitos ainda defendem os mesmos princípios que os homens da 
época em relação às mulheres.

A melhor série da Marvel fora da Netflix, e em minha opinião conseguindo ser até mesmo superior a Jéssica Jones.

PS.: Sim. A Netflix já tem a primeira temporada completa da série.