por Nilton César e colaboração essencial de Marcele A. Celestino
A história até aqui...Sam e Dean caçavam...ops...inicio errado.
Com o novo filme do Quarteto Fantástico
chegando as discussões sobre as alterações
feitas na história dos personagens principais aumentam. Muitas pessoas se
perguntam a razão de tanta reclamação por terem escolhido um ator (muito
bom) negro para o papel de Tocha Humana.
Essa questão seria apenas
a contrariedade pela alteração do cânone do personagem, e da própria
equipe, ou um ato de discriminação?
Com certeza grupos mais radicais
como os muitos que se espalham já devem ter levantado a bandeira da luta
de direitos iguais, contra a discriminação e a favor da igualdade.
Eu como fã do Quarteto
Fantástico, desde os bons tempos que conheci o grupo escrito e
desenhado por John Byrne, rebato essa ideia. Queremos simplesmente um respeito
ao histórico do primeiro grupo de heróis da Marvel, bem como a primeira
revista oficial de super-heróis da editora.
Antes de continuar quero passar
um questionamento. Você concordaria depois de ler os livros da
série
Harry Potter, se o estúdio decidisse trocar a etnia do menino
mago, ou de seus amigos, somente para fazer uma possível
acessibilidade de minorias? Imagine Hermione asiática. Não haveria problema claro, se a jovem
tivesse sido concebida como uma asiática.
Vamos entender a questão
sobre o Quarteto Fantástico. A origem do grupo envolve o jovem
cientista Reed Richard com um foguete experimental, decolando com seu melhor
amigo Bem Grimm, o piloto, sua amiga Susan (Sue) Storm e o irmão
adolescente dela Johnny Storm. No espaço, o grupo é atingido por
radiação cósmica, o foguete choca-se contra a
Terra. O grupo sobrevive, mas começa a manifestar habilidades
sobre-humanas.
Sue e Johnny sempre foram loiros de
olhos azuis, sempre foram.
Agora a FOX decidiu aprovar que o
Quarteto Fantástico do reboot, Johnny é negro, Sue é sua irmã
adotiva. E aparentemente até a personalidade do personagem foi um
tanto alterada.
Essa alteração
lembra a ocorrida alguns anos atrás quando a DC criou os Novo 52 apagando
toda a historia dos seus personagens e relançando-os do zero. A vitima foi Alan Scott, o Lanterna Verde Original (sem nenhuma relação
com Lanternas Verdes da tropa espacial.
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A esquerda o Alan Scott original, na direita o Alan Scott Novos 52. |
Alan Scott, foi o primeiro herói
a portar o nome Lanterna Verde, seu anel tinha poderes místicos
diferentemente dos Lanternas atuais que são científicos. Scott, se casou com uma de suas
vilãs, teve dois filhos que viriam a se tornar heróis,
Jade e Manto Negro.
Após o reboot, Alan foi reincorporado a
nova Terra 2, do novo Multiverso DC, rejuvenesceu, sua história
recomeçou mostrando-o novamente se tornando o Lanterna Verde. Porém,
agora já é revelado que Alan é
homossexual. E sua transformação se dá em uma viagem pela China, onde pediria
o namorado em casamento. Após um acidente de trem, seu namorado está
morto e o poder místico contata Scott, que usa a aliança como símbolo
do poder. A história é maravilhosa, bem contada, linda até.
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Alan e o namorado em primeira aparição na revista Terra 2. |
Porém, porque ao invés de se
alterar de tal forma um personagem clássico. Não se cria um novo?
Antes que me considere homofóbico.
Pense. A transformação foi pela inclusão
de um grupo pouco representado nos quadrinhos, ou para vender muito pela
polemica lançada com a divulgação?
A maior parte dos fãs
questiona a alteração do histórico do personagem e não
suas opções. Mas para aqueles não convencidos, os quadrinhos possuem
personagens fortes e marcantes que surgiram em uma época onde não
havia direito algum para minorias, ou a luta enfrentava ainda mais
dificuldades.
ESTRELA POLAR: O canadense Jean-Paul Beaubier, surgido 1979 nas páginas
de Uncanny X-men 120, como membro da equipe de heróis canadense
Tropa Alfa, criado por Chris Claremont e John Byrne.
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A esquerda Estrela Polar com a Tropa Alfa original, a direita com sua fase de X-men |
O herói era campeão
de esqui nas olimpíadas de inverno, mas fingia ser hetero
com medo de perder patrocínio e fãs. Quando seus poderes mutantes foram
descobertos (voo e supervelocidade) o comitê olímpico removeu seus títulos.
Ao mesmo tempo, sem ter mais porque escondeu assumiu sua homossexualidade.
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Casamento de Estrela Polar - Edição de X-men. |
Posteriormente,
Jean-Paul integrou o instituto Xavier e se tornou professor, protagonizando um
momento de capa nos quadrinhos, em Astonishing X-Men 51,
onde finalmente casou com o noivo.
LUKE CAGE: Apesar do
Pantera Negra ter sido o primeiro herói negro da Marvel, Luke foi o mais
próximo da realidade. Cresceu no Harlem, Nova York, foi membro de gangue e até mesmo sonhou em
ser mafioso até perceber como suas intenções prejudicavam sua família e
resolver tomar um rumo.
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Esquerda Luke com o visual clássico. Direita a atualização do seu visual. |
Porém, quando seu amigo planta
heroína em seu apartamento, Cage é preso.
Na prisão é voluntario em um experimento médico, e acaba tendo inserido
sob sua pele adamantium, o mesmo metal dos ossos e garras de Wolverine.
Ao sair da cadeia arranja um
uniforme soul Power, e passa a se chamar Power Man, e combater criminosos em
seu bairro, em sua maioria traficantes e assaltantes. Com o amigo, Daniel Rand,
o Punho de Ferro, abriu a Heróis de Aluguel, uma agencia para qualquer pessoa
comum possa contratar um herói.
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Luke Cage, liderando sua própria equipe de Vingadores, formada principalmente por heróis negros ou latinos. |
Seu momento de glória foi ser
convidado pelo Capitão América para se tornar um dos Novos Vingadores.
BATWOMAN: A heroína
Kate Kane, combate o crime no submundo de Gotham, que é uma cidade pior que as
brasileiras, pela quantidade de heróis e o crime só aumenta. Suas historias
elogiadas pela critica, trouxeram uma surpresa no inicio. Kate revelou ser
lésbica, e quando o escritor e desenhista fizeram a personagem pedir a namorada
em casamento a DC disse não.
Proibidos de seguir a historia Williams III e Blackman abandonaram o titulo.
HOMEM-ARANHA (MILES
MORALES): Em 2000, a
Marvel lançou o chamado Ultiverso (Universo 1610), onde relançaria seus
principais personagens de forma contemporânea dentro do contexto atualizado do
século XXI, dando para isto carta branca aos autores.
Neste universo, Peter Parker, mais
conhecido como Homem-Aranha morreu ao enfrentar Norman Osborn, o Duende Verde
(neste universo uma criatura monstruosa que lembra o Hulk), para proteger a Tia
May e Mary Jane.
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A morte de Peter Parker do Ultiverso (Universo 1610) |
Ninguém sabia que
ali perto um jovem filho de pais negro e latino, tentava alcançar Peter para
pedir orientação, pois havia descoberto ter poderes semelhantes ao seus.
Decidido a homenagear o herói, e depois de criticado ao usar o uniforme
semelhante ao original, cria algo novo e se torna o novo Homem-Aranha.
Sua HQ mostrou a dificuldade de se encontrar uma
escola, os problemas de um adolescente, e ao mesmo tempo em que as criticas
chegavam positivas, grupos acusava o escrito e a Marvel de “Obamania” e
ironizavam o herói ser negro.
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Encontro entre o Peter Parker do universo tradicional (616) e Miles universo ultimate. |
MISS MARVEL (KAMALA KHAN): A lindinha Kamala, é uma adolescente
muçulmana vivendo em Nova York, e convivendo com a cultura ocidental. Descobre
ter poderes inumanos após a explosão da bomba de terrigenos (longa historia,
conto depois).
O bacana? Essa
garota é demais. Vive os dilemas de viver entre duas culturas, de descobrir seus poderes e estar em meio aos
heróis que tanto admirava e ainda assumir o codinome da heroína que era fã.
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O que você faz quando encontra um herói do qual é fã? Observe a alegria de Wolverine na foto. |
Temos selfies, autógrafos, conflitos e um serviço para
quebrar a imagem que alguns desavisados criam sobre todo muçulmano ser
terrorista. Ela te cativa, a escritora G. Willow Wilson,
também muçulmana, tem o dom da escrita. Em breve, um HQ em foco sobre a
fofinha.
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Já criticou os uniformes das heroínas dos quadrinhos? Observe a analise de uso da Kamala. rs |
Esses personagens escritos de forma
exemplar serviram ao seu propósito de inclusão ou representação de grupos, sem
descaracterizar personagens, mas criando situações para que estes possam ocupar
seus espaços.
Então, você ainda acha que é apenas
uma questão de preconceito?