ou
OS
NOVOS 52 ACABARAM E EU NEM SABIA QUE HAVIA OS ANTIGOS
Com o surgimento dos filmes de heróis como uma espécie de subgênero
cinematográfico, também começaram a surgir dúvidas elementares como:
- Por que o Super-Homem não está usando a cueca
vermelha por cima da calça?
E um dos seus amigos responde:
- É que estão usando o uniforme da versão dos
Novos 52.
Imediatamente seu cérebro manda uma mensagem
para o seu corpo, demonstre saber do que ele está falando para não ficar com
cara de idiota.
Na realidade essa sua dúvida é totalmente justa.
Pois após um reboot geral todos ficamos meio perdidos, alguns até revoltados,
com as mudanças.
Sabe o pior?
Este é o 4º grande reboot da DC. E isso porque
estamos falando daqueles que mudam todo o Universo.
Porque essa cara?
Ah, você não sabe o que é Reboot?
Ok. Relaxa. Vamos a uma pequena aula.
Reboot é um recurso muito utilizado nos
quadrinhos estadunidenses e em cines séries. Nos quadrinhos é mais usado quando
os editores consideram que o histórico dos personagens está longo ou confuso
demais para atrair novos leitores, nesse momento fazem uma história unindo todo
mundo e no final apagam todo o passado dos personagens e começa tudo do zero.
No cinema, você já está acostumado, temos um bom exemplo recente, o
Homem-Aranha, o herói vivido por Andrew Garfield é um reboot da versão do Tobey
Maguire, bem como o novo parte dos Vingadores também será um reboot. Na prática
para o novo Aranha os filmes anteriores nunca existiram (fácil de entender no
caso do Espetacular Homem-Aranha 2).
Porque
a DC faz tanto reboot?
Responder isso é difícil. Alguns escritores
reclamam que a bagagem histórica dos personagens atrapalha para escrever, pois
teriam sempre que usar referencias antigas. Desculpa de caneta fraca. Os
melhores escrevem clássicos modernos, sem desconsiderar o passado, mas sem se
ligar a ele como uma ancora.
Então,
quando isso começa?
A DC é a segunda maior editora de quadrinhos dos
EUA, e entre meados da década de 1970 e a década de 1990 comprou diversas
editoras menores e com elas os heróis publicados, mas com temáticas diferentes
não foram introduzidos diretamente ao seu universo padrão de heróis.
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Sociedade da Justiça da América - primeira equipe de heróis da história e da DC |
O que fazer?
O Flash deu a solução para o problema.
Na década de 1960, a DC (ainda chamada National
Periodical) recriou alguns de seus heróis da chamada Era de Ouro, mantendo
apenas o mesmo nome e mudando origens, uniformes e nomes. Isso ocorreu com
Flash, Lanterna Verde, Gavião Negro entre outros.
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Liga da Justiça da América - o reboot dos heróis da Era de Ouro dos quadrinhos |
Tudo começa quando Gardner Fox, escritor/criador
da editora, que trabalhava no título do Flash, sentia vontade de trabalhar
novamente com o Flash original, Jay Garrick (aquele do chapéu de asinha surgindo
no fim da primeira temporada da série Flash).
Para realizar
seu sonho Fox escreveu a história Flash de dois mundos, onde Barry Allen ao acelerar e vibrar suas
moléculas cruzaria as barreiras que separariam os universos paralelos e vai
parar na terra de Jay, e dos herois da Era de Ouro (entre as décadas de 1930 e
1950). Estranhamente, Barry batizou a terra de Jay, Terra 2, apesar deles terem
vindo antes.
Surgia nesse
momento a noção de Multiverso. Terras paralelas idênticas ou com alguma diferença entre
si.
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O Multiverso DC |
Os heróis da
Terra 1, representados pela Liga da Justiça da América,
se
encontravam as vezes com os heróis da Terra 2, representados pela primeira
equipe de heróis dos quadrinhos, a Sociedade da Justiça da América.
E daí exploraram outras terras, como a Terra 3,
onde todos os heróis são vilões e os vilões são heróis, e o mundo é controlado
pelo Sindicato
do Crime da América, confrontado pelo maior herói do mundo Alexander Luthor.
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Sindicato do Crime da América da Terra 3 - onde existe uma versão da Liga que são criminosos |
Assim todos os heróis
vindos de outras editoras passaram a ganhar uma terra no multiverso. Por
exemplo, a Família Marvel, na
Terra S, e os personagens da Chalton,
na Terra 5.
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A Família Marvel - os heróis da Terra S |
O problema é a
confusão nas histórias. Quando um escritor escrevia algo que ninguém gostava
diziam que não era o herói normal, mas de uma terra, vez por outra partes
inteiras do passado eram descontinuadas. As pessoas passaram a não saber o que
valia ou não valia.
Como parte da
sugestão de um leitor a DC começou a trabalhar uma solução. Uma minissérie em
12 partes reunindo heróis e vilões de todas as terras conhecidas ou não contra
um vilão invencível, chegava a Crise nas Infinitas Terras.
O primeiro reboot:
CRISE NAS INFINITAS TERRAS
Na estrutura do
Multiverso apenas um não tem copia, Qward,
o universo de anti-matéria, onde nasceu uma criatura chamada Anti-monitor. Ele sabia que seus
poderes vinham do próprio universo, e quando um universo positivo morreu, seus
poderes se ampliaram bem como o território de seu universo.
Assim, o vilão
partiu para destruir todo o Multiverso e se tornou o governante de tudo.
Universos após
universos vão sendo destruídos, consumidos pelo Anti-monitor.
Sua contraparte
do universo da Terra 1, chamado Monitor,
inicia uma campanha para salvar tudo o que existe, mas a cada universo positivo
morto ele ficava mais fraco.
Entre os
grandes impactos da série que levou anos para serem sarados, estão a morte de Barry Allen, o Flash.
Capturado no futuro onde vivia com sua esposa
Iris, foi mantido prisioneiro por ser capaz de atravessar o Multiverso por
conta própria. Mas quando o Anti-monitor tentou destruir a Terra 1, seu lar,
com um canhão de antimatéria, Allen conseguiu se soltar e acelerou mais rápido
que a luz, salvando a todos e se sacrificando, sem ninguém saber por algum
tempo.
A segunda morte
marcante ocorreu durante a tentativa dos herois de levarem a batalha ao vilão.
Porém, caíram em uma armadilha, o Super-Homem da Terra 1 (o nosso da época)
saiu na mão com o vilão, e apanhou feio, seus gritos de dor, chamaram a atenção
de sua prima Super Moça, Kara Jor-el, que mergulhou contra o Anti-Monitor sem se conter, sangue
voando, ossos quebrando, mas ao perder a concentração por um segundo é atingida
mortalmente. Já imaginou o Super-Homem jurando de morte alguém?
Apenas cinco terras sobram do universo infinito.
O Anti-monitor retornou ao momento do big bang para controlá-lo, herois e
vilões viajam no tempo para detê-lo, e na hora h, recebem a ajuda do Espectro, a espada da justiça de Deus
na terra.
Tudo foi destruído. E o Multiverso acabou
renascido em uma única terra com histórias de todos os outros acrescidos a sua
continuidade.
A ideia era zerar todos os históricos e começar
tudo novo após a Crise, e foi feito. O Super-Homem foi recriado por John Byrne, a Mulher-Maravilha por George Perez e assim por diante.
O grande problema é que nem tudo foi reiniciado
do zero.
A Liga da Justiça ganharia uma nova formação,
mas a anterior existia. Entretanto, Batman, Super-Homem e Mulher-Maravilha
nunca fizeram parte antes, os dois primeiros apenas ajudaram. A amazona nem
havia deixado a ilha Paraíso ainda.
Outros problemas surgiram em história do Super.
Clark decide tentar chegar ao que restou de Krypton e pede ajuda ao Gavião
Negro e a Mulher-Gavião, para levá-lo em sua nave.
Qual o problema nisso? O Katar e Shayera não
estavam na terra ainda, eles ainda eram policiais em seu planeta. Então quem
levou o Super?
A Legião dos Super-Heróis do século XXXI foi
fundada seguindo como padrão o Superboy, que com viagem no tempo foi membro da
equipe no futuro.
O problema? Clark Kent nunca foi Superboy
(Byrne, deu uma entrevista dizendo que se soubesse que não poderia trabalhar
com um jovem Super por muito tempo não teria apagado o Superboy), mas se ele
nunca foi...quem era aquele moleque com a cueca vermelha por cima das calças.
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O Superboy de uma anomalia criada pelo Senhor do Tempo versus o Super-Homem de John Byrne, que nunca foi Superboy após a Crise. |
Esses furos cronológicos foram se acumulando e a
DC resolver fazer outra saga capaz de zerar tudo e recomeçar...vem aí ZERO HORA.
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Eu sei, Doutor. Eu sei!!! |