terça-feira, 14 de julho de 2015

PRECONCEITO OU RESPEITO AO CÂNONE?

por Nilton César e colaboração essencial de Marcele A. Celestino

A história até aqui...Sam e Dean caçavam...ops...inicio errado.


      Com o novo filme do Quarteto Fantástico chegando as discussões sobre as alterações feitas na história dos personagens principais aumentam. Muitas pessoas se perguntam a razão de tanta reclamação por terem escolhido um ator (muito bom) negro para o papel de Tocha Humana.

        
        Essa questão seria apenas a contrariedade pela alteração do cânone do personagem, e da própria equipe, ou um ato de discriminação?
       Com certeza grupos mais radicais como os muitos que se espalham já devem ter levantado a bandeira da luta de direitos iguais, contra a discriminação e a favor da igualdade. 

        Eu como fã do Quarteto Fantástico, desde os bons tempos que conheci o grupo escrito e desenhado por John Byrne, rebato essa ideia. Queremos simplesmente um respeito ao histórico do primeiro grupo de heróis da Marvel, bem como a primeira revista oficial de super-heróis da editora.

            
           Antes de continuar quero passar um questionamento. Você concordaria depois de ler os livros da série Harry Potter, se o estúdio decidisse trocar a etnia do menino mago, ou de seus amigos, somente para fazer uma possível acessibilidade de minorias? Imagine Hermione asiática. Não haveria problema claro, se a jovem tivesse sido concebida como uma asiática.



           Vamos entender a questão sobre o Quarteto Fantástico. A origem do grupo envolve o jovem cientista Reed Richard com um foguete experimental, decolando com seu melhor amigo Bem Grimm, o piloto, sua amiga Susan (Sue) Storm e o irmão adolescente dela Johnny Storm. No espaço, o grupo é atingido por radiação cósmica, o foguete choca-se contra a Terra. O grupo sobrevive, mas começa a manifestar habilidades sobre-humanas.


          Sue e Johnny sempre foram loiros de olhos azuis, sempre foram.
      
       Agora a FOX decidiu aprovar que o Quarteto Fantástico do reboot, Johnny é negro, Sue é sua irmã adotiva. E aparentemente até a personalidade do personagem foi um tanto alterada.


              Essa alteração lembra a ocorrida alguns anos atrás quando a DC criou os Novo 52 apagando toda a historia dos seus personagens e relançando-os do zero.  A vitima foi Alan Scott, o Lanterna Verde Original (sem nenhuma relação com Lanternas Verdes da tropa espacial.
A esquerda o Alan Scott original, na direita o Alan Scott Novos 52.
          

         Alan Scott, foi o primeiro herói a portar o nome Lanterna Verde, seu anel tinha poderes místicos diferentemente dos Lanternas atuais que são científicos. Scott, se casou com uma de suas vilãs, teve dois filhos que viriam a se tornar heróis, Jade e Manto Negro.

         Após o reboot, Alan foi reincorporado a nova Terra 2, do novo Multiverso DC, rejuvenesceu, sua história recomeçou mostrando-o novamente se tornando o Lanterna Verde. Porém, agora já é revelado que Alan é homossexual. E sua transformação se dá em uma viagem pela China, onde pediria o namorado em casamento. Após um acidente de trem, seu namorado está morto e o poder místico contata Scott, que usa a aliança como símbolo do poder. A história é maravilhosa, bem contada, linda até.
Alan e o namorado em primeira aparição na revista Terra 2.
              Porém, porque ao invés de se alterar de tal forma um personagem clássico. Não se cria um novo?
           
           Antes que me considere homofóbico. Pense. A transformação foi pela inclusão de um grupo pouco representado nos quadrinhos, ou para vender muito pela polemica lançada com a divulgação?
            
            A maior parte dos fãs questiona a alteração do histórico do personagem e não suas opções. Mas para aqueles não convencidos, os quadrinhos possuem personagens fortes e marcantes que surgiram em uma época onde não havia direito algum para minorias, ou a luta enfrentava ainda mais dificuldades.

ESTRELA POLAR: O canadense Jean-Paul Beaubier, surgido 1979 nas páginas de Uncanny X-men 120, como membro da equipe de heróis canadense Tropa Alfa, criado por Chris Claremont e John Byrne. 
  
A esquerda Estrela Polar com a Tropa Alfa original, a direita com sua fase de X-men
           
             O herói era campeão de esqui nas olimpíadas de inverno, mas fingia ser hetero com medo de perder patrocínio e fãs. Quando seus poderes mutantes foram descobertos (voo e supervelocidade) o comitê olímpico removeu seus títulos. Ao mesmo tempo, sem ter mais porque escondeu assumiu sua homossexualidade.

Casamento de Estrela Polar - Edição de X-men.
           
             Posteriormente, Jean-Paul integrou o instituto Xavier e se tornou professor, protagonizando um momento de capa nos quadrinhos, em Astonishing X-Men 51, onde finalmente casou com o noivo.


LUKE CAGE: Apesar do Pantera Negra ter sido o primeiro herói negro da Marvel, Luke foi o mais próximo da realidade. Cresceu no Harlem, Nova York,  foi membro de gangue e até mesmo sonhou em ser mafioso até perceber como suas intenções prejudicavam sua família e resolver tomar um rumo.

Esquerda Luke com o visual clássico. Direita a atualização do seu visual.

               Porém, quando seu amigo planta heroína em seu apartamento, Cage é preso.  Na prisão é voluntario em um experimento médico, e acaba tendo inserido sob sua pele adamantium, o mesmo metal dos ossos e garras de Wolverine.
           
            Ao sair da cadeia arranja um uniforme soul Power, e passa a se chamar Power Man, e combater criminosos em seu bairro, em sua maioria traficantes e assaltantes. Com o amigo, Daniel Rand, o Punho de Ferro, abriu a Heróis de Aluguel, uma agencia para qualquer pessoa comum possa contratar um herói. 

Luke Cage, liderando sua própria equipe de Vingadores, formada principalmente por heróis negros ou latinos.

             Seu momento de glória foi ser convidado pelo Capitão América para se tornar um dos Novos Vingadores.


BATWOMAN: A heroína Kate Kane, combate o crime no submundo de Gotham, que é uma cidade pior que as brasileiras, pela quantidade de heróis e o crime só aumenta. Suas historias elogiadas pela critica, trouxeram uma surpresa no inicio. Kate revelou ser lésbica, e quando o escritor e desenhista fizeram a personagem pedir a namorada em casamento a DC disse não.


               Proibidos de seguir a historia Williams III e Blackman abandonaram o titulo.




HOMEM-ARANHA (MILES MORALES): Em 2000, a Marvel lançou o chamado Ultiverso (Universo 1610), onde relançaria seus principais personagens de forma contemporânea dentro do contexto atualizado do século XXI, dando para isto carta branca aos autores.

              Neste universo, Peter Parker, mais conhecido como Homem-Aranha morreu ao enfrentar Norman Osborn, o Duende Verde (neste universo uma criatura monstruosa que lembra o Hulk), para proteger a Tia May e Mary Jane.

A morte de Peter Parker do Ultiverso (Universo 1610)

             Ninguém sabia que ali perto um jovem filho de pais negro e latino, tentava alcançar Peter para pedir orientação, pois havia descoberto ter poderes semelhantes ao seus. Decidido a homenagear o herói, e depois de criticado ao usar o uniforme semelhante ao original, cria algo novo e se torna o novo Homem-Aranha.



              Sua HQ mostrou a dificuldade de se encontrar uma escola, os problemas de um adolescente, e ao mesmo tempo em que as criticas chegavam positivas, grupos acusava o escrito e a Marvel de “Obamania” e ironizavam o herói ser negro.

Encontro entre o Peter Parker do universo tradicional (616) e Miles universo ultimate.


MISS MARVEL (KAMALA KHAN): A lindinha Kamala, é uma adolescente muçulmana vivendo em Nova York, e convivendo com a cultura ocidental. Descobre ter poderes inumanos após a explosão da bomba de terrigenos (longa historia, conto depois).



             O bacana? Essa garota é demais. Vive os dilemas de viver entre duas culturas,  de descobrir seus poderes e estar em meio aos heróis que tanto admirava e ainda assumir o codinome da heroína que era fã.

O que você faz quando encontra um herói do qual é fã? Observe a alegria de Wolverine na foto.
         Temos selfies, autógrafos, conflitos e um serviço para quebrar a imagem que alguns desavisados criam sobre todo muçulmano ser terrorista. Ela te cativa, a escritora G. Willow Wilson, também muçulmana, tem o dom da escrita. Em breve, um HQ em foco sobre a fofinha.

Já criticou os uniformes das heroínas dos quadrinhos? Observe a analise de uso da Kamala. rs


          Esses personagens escritos de forma exemplar serviram ao seu propósito de inclusão ou representação de grupos, sem descaracterizar personagens, mas criando situações para que estes possam ocupar seus espaços.
         
         Então, você ainda acha que é apenas uma questão de preconceito? 











2 comentários:

  1. Muito bom o post. E adorei a colaboração essencial...hahahahahahaha. Sinto-me lisonjeada 😄😄

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  2. Muito bom o post. E adorei a colaboração essencial...hahahahahahaha. Sinto-me lisonjeada 😄😄

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